Ciência

Vida sintética criada pela 1a vez

Paula Rothman, de INFO Online Quinta-feira, 20 de maio de 2010 - 19h52


J. Craig Venter Institute
As células sintéticas se reproduziram, provando que estavam vivas e funcionando

SÃO PAULO - Pesquisadores do J. Craig Venter Institute (JCVI) anunciaram a criação do primeiro ser vivo feito 100% de DNA sintético – produzido em laboratório.
A organização de pesquisa genômica sem fins lucrativos publicou hoje os resultados que descrevem a construção da primeira célula de bactéria sintética auto-replicante – ou seja, que consegue se reproduzir.
Este feito é de enorme impacto para a ciência, uma vez que o genoma foi inteiramente projetado em um computador e trazido à vida por meio de uma síntese química sem nenhum pedaço de DNA natural.
A célula sintética criada foi projetada em um computador a partir do gene da bactéria Mycoplasma mycoides. Analisando a sequência de DNA original dela, os cientistas fabricaram em laboratório uma molécula de DNA com  uma sequência de bases nitrogenadas (os elementos que constituem o DNA) que corresponde à sequência original, e transplantaram toda a molécula para uma célula recipiente. Esta célula servia só como local para que esta nova molécula sintética pudesse se reproduzir.
É possível fazer uma analogia com um computador. Criar um DNA artificial é como criar um software para um sistema operacional. Transferi-lo para uma célula é como carregá-lo no hardware e rodar um programa.
A pesquisa aparece hoje na Science Express e estará na próxima edição impressa da revista.
Passo a passo
Por 15 anos, a equipe de mais de 26 pesquisadores liderados pelo Dr. J. Craig Venter trabalhou no projeto.
Primeiro o genoma da M. mycoides teve que ser digitalizado. Com ele em mãos, a equipe projetou 1.078 sequências específicas de DNA, cada uma com 1.080 pares de bases nitrogenadas. Elas foram projetadas de tal forma que cada um desses trechos se sobrepunha a seu vizinho com 80 pares de bases.

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